Forró, do Nordeste para São Paulo

Não há paulistano (arrisco dizer brasileiro) que não tenha ao menos ouvido falar neste ritmo musical de origem nordestina tão contagiante e envolvente. Entre arrasta-pés, baiões, xotes e xaxados, talvez muitos não consigam definir bem o estilo de música, tampouco saibam fazer o passo básico “dois pra lá, dois pra cá” no salão. Mas com uma coisa muitos devem concordar: o forró é um tanto quanto alegre, simpático, convidativo e agregador.
Mesmíssima definição que costumam dar aos paulistanos, não é mesmo?? É, #sqn.
Porém, mesmo a gente não levando a fama de ser o povo mais feliz e hospitaleiro do universo, a realidade é que (pasmem) muito paulistano é apaixonado por um “forrozin”!
É isso aí, em São Paulo se toca e se dança forró de verdade. Ou seria uma versão paulistana do forró “de verdade”? Afinal, que dança/música é essa?
Do Nordeste para São Paulo
Foi no sertão nordestino, na década de 1940, que grandes nomes como Luiz Gonzaga – o Rei do Baião – começaram a tocar o forró pé-de-serra, por alguns considerado o forró tradicional. De certa forma, a receita para se produzir este ritmo é bem simples: junte uma zabumba, uma sanfona e um triângulo, mexa bem – e voilà!, fez-se o forró. E garanto que dá pra se acabar de dançar a noite inteira ao som apenas desse trio.
O primeiro contato de São Paulo com este ritmo foi na década de 1970, quando jovens universitários começaram a tocar e dançar sucessos do forró pé-de-serra original. Já na década de 1990 e início dos anos 2000, o forró sofreu grandes transformações e se popularizou entre os paulistanos sob a forma do forró universitário. No ritmo musical: influências do rock, samba, funk e reggae – e, para tanto, a introdução de outros instrumentos, tais como violão, baixo, percussão/bateria; na dança: passos básicos diferenciados e giros mais complexos e freqüentes.
O forró universitário é, sem dúvida, o preferido na terra da garoa, e ele chegou por aqui foi pra ficar. São Paulo tem muito forrozeiro de plantão, que “bate cartão” quase que religiosamente no forró. Entenda porque:
7 coisas bacanas sobre o forró e sua tribo em Sampa
1- “Amigos do forró”: os forrozeiros se encontram com freqüência, e deste interesse em comum surgem grupos de amizades.
2- Tudo junto e misturado: além da paulistada, no forró você encontra gente de tudo que é canto do país, e até mesmo muitos gringos – que, aliás, em seus giros e passos não deixam nada a desejar aos forrozeiros locais; tem gente de tudo que é idade, cor, credo e classe social – aqui a discriminação não tem vez 😉
3- Programa econômico: uma noitada no forró não exige que você limpe a sua conta bancária ou parcele no cartão em 10x sem juros – e ainda por cima estudante paga meia.
4- Disponibilidade: sempre tem forró rolando em algum lugar, praticamente todos os dias da semana; deu vontade? Pega e vai!
5- Experiência: você tem um tipo de interação com pessoas que você não teria em nenhum outro lugar: a questão do abraçar, do tocar, sentir a música juntos… e isso em uma cidade tão diversa como São Paulo dá espaço a uma troca de experiência particularmente interessante.
6- Clima: o forró tem uma energia toda especial. As pessoas são simpáticas, gentis e acolhedoras. Sabe aquele clima de balada, onde todo mundo fica se medindo? Então, isso não existe aqui. Quem está no forró, é porque gosta de dançar. Então, meninas: os cavalheiros não te tiram para dançar com segundas intenções (na maioria das vezes). E meninos, préstenção: pode entrar de bermuda e havaiana! \o/
7- Independência: você pode ir sozinho(a) que ninguém vai te achar um E.T.
Foi essa então uma das maneiras que São Paulo foi presenteada pelo Nordeste: com um rico estilo de música, tão de lá, mas ao mesmo tempo tão com a cara de cá. É como o paulista gosta das coisas: reúne tudo o que há de bom aqui, ali e acolá, e depois adapta, molda, o faz à sua maneira.
Assim, o forró universitário nada mais é do que uma mistureba de culturas de várias épocas e locais, que vai se modificando aos poucos a cada geração – tal qual o paulistano.
7 coisas que você talvez não saiba sobre o forró
1- O termo forró pode se referir tanto ao gênero musical quanto à reunião de diversos estilos de dança (dentre eles: xaxado, côco, baião, xote e quadrilha), e ainda aos locais de festas onde esses ritmos e danças acontecem;
2- A versão mais aceita para a origem do termo forró é de que ele seria uma modificação da expressão africana forrobodó, que quer dizer “algazarra”, “festa”, “bagunça”. Outras estórias contam que os ingleses que se instalaram em Pernambuco no final do século XIX para as construções de ferrovias realizavam festas em sua patotinha; quando abriam à população local, escreviam na porta “For all” (do inglês, “para todos”), o que ao ser lido em português… bem, já sabe no que deu, né?
3- Os estilos de dança mais observados no forró universitário são o baião, o xote e, às vezes, o xaxado;
4- Existe ainda uma outra variação: o forró eletrônico, que dá lugar aos instrumentos eletrônicos (ah vá) e a uma dança com passos mais expansivos. São exemplos deste estilo as bandas Frank Aguiar, Mastruz com Leite, Calcinha Preta;
5- Em 2005, instituiu-se o dia 13 de dezembro como o Dia Nacional do Forró, em homenagem ao nascimento de Luiz Gonzaga;
6- Itaúnas, vila pertencente ao município de Conceição da Barra, no norte do Espírito Santo, é a capital nacional do forró. Lá rola anualmente o FENFIT – Festival Nacional Forró de Itaúnas (e já teve banda paulista campeã 🙂 );
7- Forró vicia: quem gosta, gosta muito. E se fica muito tempo sem dançar, sofre de abstinência. Não pode ouvir uma sanfona, que o corpo já começa a se mexer sozinho, e os olhos rondam o ambiente desesperados em busca de um(a) parceiro(a) em potencial. É coisa séria.
Enfim, seja você meu conterrâneo, de outro país ou até de outro planeta, te convido a conhecer essa dança toda especial. Mas cuidado! As chances do bichinho também te morder e você se viciar são eminentes. Sem mais delongas, forrozeemos!
Onde dançar:
- Canto da Ema: de quarta a domingo, sempre com banda ao vivo
- Remelexo: segunda, quarta, sexta a domingo, sempre com banda ao vivo
- Centro Cultural Rio Verde (consultar programação)
- Carioca Club (consultar programação)
- Buena Vista Club (consultar programação)
- Restaurante Andrade
- Recanto do Nordeste
- Restaurante Bambu
Foto da capa: Brasil 247
Laura Sette
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OSVALDO NAOKI ONAGA
dezembro 16, 2018 at 13:18
Danço Forró e outros ritmos tbm, mas não existe nada melhor que um forró coladinho acompanhando a musicalidade deste ritmo tão brasileiro. Gosto do Canto nas Quartas e vésperas de feriados e gostaria de saber mais desse forró secreto.
Eliz
fevereiro 28, 2017 at 19:30
Mulher, que bacana esta matéria!!!
Foi no forrin que encontrei diversão saudável. Mesmo não sabendo dançar muito, o clima realmente é como disse, todos se encontram, curtem e existe o prazer de dançar sempre!! Corpo, mente e alma renovados depois de um bailão…Quero saber sobre o Forró Secreto, por favor!! Bjão.
Laura Sette
março 1, 2017 at 07:50
É verdade, Eliz! Eta coisa boa! Vou te mandar um e-mail sobre o Forró Secreto 😉 Obrigada pela visita e comentário. Beijos!
Rafael Arruda
janeiro 20, 2017 at 07:17
Olá Laura.
Meus parabéns, ótima matéria. Temos que resgatar as boas coisas que estão se perdendo.
Frequentei muito o KVA. Frequento o remelexo, canto, forró na grama e FENFIT já fui duas vezes. E as vezes me arrisco a tocar com meus companheiros das antigas.
Apesar de ser assíduo, desconheço o forró secreto. Será que poderia me convidar?
Abraço!
Laura Sette
janeiro 21, 2017 at 09:40
Oi, Rafael!
Sim, forró é bão demais! 🙂 Estou te mandando um e-mail agora sobre o Forró Secreto 😉
Abraço
Milena dos Santos Rodrigues
novembro 16, 2016 at 11:51
Olá! Quero saber sobre o forró secreto! =)
Laura Sette
novembro 16, 2016 at 19:14
Olá, Milena! Te enviei um e-mail agorinha! 😉
Hamilton
outubro 29, 2016 at 20:28
Adorei sua materia.. Tem como vc me passar um endereço de uma casa que toca forro pe de serra… Obrigado
Laura Sette
outubro 31, 2016 at 17:01
Olá, Hamilton!
Você chegou a acessar os links que eu coloquei no final do post? São os locais que eu conheço. Os endereços estão nos links 😉
Obrigada pela leitura!
Abraço
ana
outubro 2, 2016 at 20:33
Boa noite! Ainda rolando o forró secreto?
Laura Sette
outubro 31, 2016 at 17:03
Olá, Ana, tudo bem?
Faz um tempão que eu não vou, mas recebo os e-mails com frequência, então acredito que esteja rolando sim 🙂
Thiago de Sousa
setembro 27, 2016 at 13:58
Oi Laura gostaria de saber mais sobre o forro secreto!!!
Muito boa sua materia
Laura Sette
outubro 31, 2016 at 17:05
Olá, Thiago,
Desculpe a demora. Te enviei um e-mail, ok? Obrigada pela leitura e pelo elogio 🙂
Abraço
Juliana Vidotto
julho 31, 2016 at 14:11
Oi Laura, adorei suas dicas! Por gentileza, pode me encaminhar as informações sobre o forró secreto?? Muito obrigada! Um beijo
Edilanio
março 9, 2016 at 21:04
Olá Laura tudo bem, que matéria linda sobre o forró, sou nordestino e amo forró, me convida por favor que quero conhecer pessoas que também adoram dançar forró, quero poder conhecer o forró secreto.
Danilo henrique
fevereiro 25, 2016 at 23:09
Por favor Laura me convida para o forró secreto pois sei q só entra com convite….frequentou o canto da ema e o Remelexo sou da época de um forrozinho gostoso do kVA…
Laura Sette
fevereiro 26, 2016 at 08:32
Acabei de te mandar um e-mail, Danilo! 😉
Marcos
janeiro 23, 2016 at 21:52
Boa noite! Como vai? Onde fica o Forró Secreto? Eu preciso saber! Oh vício danado de bom!!! Bjs!
Rafael Leick
fevereiro 10, 2016 at 12:35
É secreto, Marcos rs
Vou falar pra Laura, que escreveu esse artigo, entrar em contato com você 😉
Abs
Laura Sette
fevereiro 14, 2016 at 13:00
Fala, Marcos! Tentei te enviar um e-mail, mas falhou! 🙁 Confirma aqui, por gentileza, que te envio as informações 🙂 bjos
Gabi Terrabuio
julho 22, 2015 at 15:37
Que matéria deliciosa, Laura!
Espero que veja o meu comentário aqui (mesmo depois de meses da sua publicação), pois foi ele que me deu a pitada que faltava para procurar o forró aqui em São Paulo, algo que sempre quis conhecer a fundo e dançar!
Também gostaria de saber mais sobre esse forró secreto! Me conta?
Beijinhos!
Laura Sette
julho 22, 2015 at 17:59
Obrigada, Gabi! Fico feliz que as pessoas se inspirem a sair forrozeando por aí! É bom demais! 🙂
Acabei de te mandar um e-mail com mais informações sobre o forró secreto! Super beijo!
Cinthia
março 4, 2015 at 12:14
Oi Laura, como vai?
Adorei sua matéria. To voltando para o forró e quero saber mais sobre o forró secreto e como me envolver com a galera forrozeira rs
Bjs
Laura Sette
março 4, 2015 at 14:29
Olá, Cinthia, tudo bem?
Obrigada pelo comentário. Está voltando, que ótima notícia!! 😀
Te conto sobre o Forró Secreto no email que estou te enviando agorinha mesmo. Beijo!
Rosana
dezembro 23, 2014 at 10:13
Olá Laura,
Adorei sua matéria, bem completa com várias dicas legais!
Me conta sobre esse forró secreto!
Obrigada, beijos
Rosana
Laura Sette
dezembro 23, 2014 at 13:28
Olá, Rosana,
Muito obrigada! Fico feliz que tenha gostado e tirado proveito das informações 🙂
Vou te contar sobre o Forró Secreto sim, estou te enviando um e-mail agorinha mesmo 😉
Um beijo!
Alfredo
novembro 8, 2014 at 13:21
Muy interesante!!!!
Laura Sette
novembro 10, 2014 at 13:56
Gracias por tu visita, Alfredo! Tienes que venir a São Paulo para bailar forró 🙂
Gabi Medeiros
novembro 7, 2014 at 17:22
Ai que saudade dos forrós da vida em SP <3
Pra mim, o melhor é o Canto da Ema! Mas a época do KVA foi a mais marcante! A sala de reboco foi palco de muitas histórias minhas e marcaram amizades!
Laura Sette
novembro 10, 2014 at 13:55
O forró em São Paulo é mesmo uma coisa especial, né, Gabi? Só indo pra entender 🙂
Não cheguei a pegar a época do KVA, mas também gosto muito do Canto da Ema! É muita energia boa junta…
Obrigada pela visita e pelo comentário 😉
Um beijo!